8 de abril de 2013

Por você, pra você


Criei por você um amor jovem
Que nascia e morria de felicidade
Toda primaveira, rindo e chorando
Dançando e caindo, levantando

Criei por você um amor surreal
Que era feito de uma proporção grande
De nada em especial
Tinha grama e tinha flores
Colhidas, ali, em mim
Tinha caco e tinha vidro
Quebradiço e afiado
Não, não me cortei
Mas havia ansiado

Criei por você um amor paciente
Que sentava em um silêncio animado
Que esperava sem soltar um pio
Que sorria, mesmo que cansado

Criei por você um amor solidário
Que, muitas vezes, era quase cego
Não te via nem te ouvia
Em geral, te sentia
E me machucava
Eu ignorava

Crei por você um amor rancoroso
Acordado de um sono profundo
Quis teu sangue, tua alma
Como assim lhe havia dado tudo
Não sobrou nada
Por onde você passou
Por onde você andou
Aonde você me deixou

Crei por você um amor que não era amor
Um ódio que não era ódio
Uma paixão que já não ardia em chamas
Uma vingança que já não era mais venosa

Criei por você nada
Senti por você nada
E, junto com você, tornei-me nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom, continue com o bom trabalho haha