14 de outubro de 2012

A Marcha dos Despertos

Bombardear pela paz é como foder pela virgindade.

Acredito que tudo vem da criação. Da cultura que fomos introduzidos desde cedo. Se fossemos ensinados quando criança que o homem é capaz de voar, acharíamos estupidez de quem tentasse provar o contrário. Se fossemos criados com a ideia de que Zeus é o deus do céu, Poseidon o dos mares e Hades do submundo, seria uma blasfêmia se alguém alegasse que aquelas eram mentiras. Infelizmente, não crescemos em nenhum dos dois contextos.
A realidade apresentada desde cedo, seja pelos nossos pais, seja pela mídia ou por fortes influências, é de que, se houver alguém melhor que você, você não estará feliz. A felicidade apenas será atingida quando nos provarmos valorosos, quando possuirmos nosso poder aquisitivo elevado e uma bela mulher ao nosso lado para, claro, cuidar de nossas casas e filhos. Ah, esqueci de mencionar? Para aquelas que possuíram a má sorte de nascer no sexo feminino, lamento informar que apenas possuíram a felicidade se o homem ao seu lado estiver feliz. Afinal, o que seria a mulher se não o enfeite da sociedade?
Enquanto formos piores que alguém, enquanto estivermos submissos, estaremos infelizes. Estaremos tomando remédios para dormir, nos esforçando desenfreadamente e contando os segundos para que a acabe logo. Acabar? O que? Os dias irritantes de escola? As horas importunas de universidade? Os anos incontáveis de um emprego? A aposentadoria monótona? Afinal, fomos criados na ideologia que as coisas melhorarão. Basta esperar. E que as nossas horas de espera compensem as nossas mentes ocas, tão fiéis a lavagem cerebral sofrida que mal são capazes de pensar por si próprias.
De vez em vez, alguém desperta. Simplesmente se cansa da violência vista na TV, da injustiça racial, do preconceito, da guerra entre os sexos, do sistema corrupto. Um dia, alguém se cansa. E não basta se cansar. Ele percebe que a cultura que foi imposto desde o dia em que nasceu está errada. Que tudo aquilo soa desumano, ridículo, hipócrita. Ele se junta aos outros despertos, com a intenção clara de acordar o maior número de pessoas possíveis. Mas, como citei anteriormente, soa completamente ridículo ir contra o que você foi ensinado. Soa irracional mudar o mundo. E, por sinal, esse é apenas outro detalhe de nossa cultura falha. Você, isso mesmo, leitor, você que segue os olhos por essas vagas linhas, é incapaz de mudar o mundo. Deixe esse fardo para outra pessoa. Não foi isso que nos ensinaram? Não foi isso que nos treinaram para acreditar?
De qualquer forma, os despertos tentam. Eles lutam. Com unhas e dentes. Com os punhos e com cartazes. Com passeatas ínfimas que nuncas resultam em lugar nenhum. Eles tentam. Tentam, enquanto são repreendidos por autoridades. Pelos responsáveis de silenciar os despertos, antes que seu barulho seja alto o suficiente para acordar mais pessoas. Por levá-los, os despertos, para prisões, para psiquiatras, para o exterior, para sessões de torturas ou para qualquer outra forma drástica que for capaz de adormecê-los novamente. Por qualquer lavagem cerebral boa o suficiente para que seus olhos e mentes se fechem.
E, então, voltamos todos a dormir.

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