7 de outubro de 2012

Epitáfio



Escrevi seu nome, em uma intenção patética de nunca nomeá-lo novamente. E seu rosto, puído, tristonho. De fato, seu rosto. Do jeito que seus olhos brilhantes costumavam me fitar – em um misto de solidão com encanto, em um toque mínimo de desespero. E eu escutava, em silêncio. Estava tão quieta... Por algum motivo, a quietude é o que mais me relaciona a ti. Deixa-me sem palavras, pois nada que eu acrescentasse seria melhor que o silêncio que nos envolvia. Ah, suas mãos geladas! Como ansiei segurar aquele par de mãos novamente, com a esperança de que aqueles olhos tão tristes fossem capazes de esboçar alegria, de que ele sorriso sem graça pudesse traduzir o que seus lábios não disseram. Tudo aquilo construído em uma eternidade, com músicas acústicas em uma madrugada fria, conversas sérias e descontraídas, e risadas que soavam solitárias. Ah, tudo aquilo acabou. Prometo que essas palavras serão as últimas dedicadas a você. Porque tudo aquilo que lhe tornava o que você é, foi embora.  E na desesperada tentativa de se tornar aquilo de que nunca se viu capaz de ser, deixou de ser você mesmo. Sinto falta do antigo você, aquele foi enterrado no passado. Do que era capaz de se contentar com qualquer coisa que superasse sua frustação. Nós nunca fingimos além do necessário, e nunca duvidamos do que sentíamos. Agora, estamos ambos mortos um do outro. Este será nosso epitáfio, enterrado com tudo que costumávamos ser. 

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