1 de novembro de 2012

Intensidade deliberada



Ilude-se com o menor dos olhares, e encanta-se com a menor forma de atenção que lhe seja demonstrada. Contenta-se com a menor das ofertas, jogando-se (a altura, de fato não importa) como se não houvesse consequência. Prezou uma vida intensa, e teve aquilo que ansiou. Uma vida intensa; de dor. Pagou pelos os pecados com o próprio sangue, jurando que jamais se enganaria novamente. Errou. Errou milhares de vezes, perdendo-se debilmente no narcisismo apresentado, na estupidez alheia, no ato simplório de uma despedida. Não sentia mais prazer no atrito das peles, nos acordes de um violão, nas delicadas cores de uma tela. O prazer estava presente, aqui e acolá, quando acompanhando de uma sala escura, de uma mente sonolenta, de uma solidão demasiada e de um silêncio constante. Sentia prazer quando não estava ciente. Quando a única e completa liberdade lhe era atingida. E, de prazer, morreu.

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