3 de julho de 2011

Solidão.


  Ela suspirou - sentido o peso insuportável da verdade cavalgar em seus ombros. Ninguém se importava. Ninguém se dava o trabalho de fingir se importar, de sentar ao seu lado, e em um sorriso nos lábios sussurrar “Ei, não é tão ruim assim”. O futuro parecia dar voltas em sua cabeça, e como sempre, temeu o que vinha a acontecer.
  Era como todos os seres humanos lá fora. Gostava de fazer tempestades em copos d’água, de fazer dramas. Em sua cabeça, sempre era vítima. O mundo estava errado demais para sua certeza prematura e seu álibi impecável. Não a julgue. Tenho certeza que todos já agiram assim algum dia.
  Jogou-se no sofá, enrolou-se no cobertor e aproveitou de bom grado o gostinho de solidão que ainda estava vivido em seu paladar. Antes não era assim, antes iria preferir qualquer coisa a ser deixada sozinha por todas as férias. Porém não mais.
  Tudo que precisava estava ao seu dispor, de água e comida á solidão e desespero. E as pessoas? Em sua situação, estava escondida delas. É claro que os momentos que passava ao lado de um bom amigo, eram perfeitos. Poderia conversar e desabafar um pouco, tendo certeza que ele escutaria, e mesmo que não a entendesse, ficaria ao lado dela.
  Pena que tudo mudou. Sentia a necessidade de ficar sozinha. A necessidade de se proteger seu coração dos perigos lá fora. Podemos dizer que ela não é do tipo que se apaixona com facilidade, mas quando isto acontece se entrega de corpo e alma. Se joga sem checar a altura e, obviamente, se arrebenta  com a queda. Em seguida, promete a si mesma tomar mais cuidado. Parece reconfortante.
  No momento, não precisava de um amor, de preocupações. Não era deste tipo de gente que estava escondida. Seus amigos, porém, magoavam-na muito mais. O medo de perdê-los e acabar sozinha de uma vez aprofundava sua cabeça com tanto vigor, que decidiu que se não fizesse nenhuma besteira, nunca perderia ninguém. E para não fazer besteiras, não falava mais com eles.
  Se eles se importassem, chegariam de modo sorrateiro, e em uma inocência no olhar perguntaria para a menina assustada e recua o porquê de ter agido daquele jeito. Triste foi afirmar que ninguém veio. Sentiu-se como a bela adormecida, que apenas com um beijo poderia ser despertada de tal paranoia  Não queria beijos, abraços ou qualquer adorno. Apenas palavras, sinceras e simples.
                                                           Era tudo que pedia.

4 comentários:

Ana Chagas disse...

Ok, eu sei que essa post ficou enorme, e eu tenho a mania de escrever coisas pequenas e simples, mas este foi o melhor jeito de desabafar. E, covenhamos, nada melhor que desabafar. Enfim.

mariana disse...

Onde você viu que este texto está grande? rs

"O medo de perdê-los e acabar sozinha de uma vez aprofundava sua cabeça com tanto vigor, que decidiu que se não fizesse nenhuma besteira, nunca perderia ninguém. E para não fazer besteiras, não falava mais com eles.", sabe, ando seguindo essa risca ultimamente. Não sei se é um desabafo ou apenas um texto alheio mesmo, mas ando me sentindo exatamente como a personagem ou a você. Depois de uma "bobagem correta" que fiz há alguns dias, ando me sentindo... sei lá, vulnerável. "Apenas palavras, sinceras e simples. Era tudo que pedia.", eu pura. Não sei se isso é bom ou ruim, mas temos que saber esperar. Se refugiando ou não, mentindo ou dizendo verdades, cortando assunto ou não, é só esperar...

Pois é, sentia falta dos teus textos. :' )

mariana disse...

coloquei link errado no comentário acima, mas tudo bem '-'

Cosabella disse...

Anna, por acaso você tem vigiado a minha vida? hahaha Impressionante como soube desrever como tenho passado, o que tenho sentido, as vontades que gritam dentro de mim. É estranho como essas coisas acontecem, não é? Eu também percebi que os amigos realmente não vem. Acho que não se importam de verdade, porque afinal, eles tem seus próprios problemas. Sei lá! Só sei que as vezes precisamos que alguém pelo menos se importe com a gente, né? Não sei de novo hahaha Já me perdi nas minhas divagações aqui. Gostei muito do seu post.

Beijos, beijos.