19 de julho de 2012

Turbulência



Passou-se uma semana. E, por uma semana, a mesma pergunta continuou impertinente em minha cabeça. O que estou fazendo com a minha vida? Como julgar a dúvida? Dramática? Profunda? Enigmática? Clichê? De certa forma, essa pergunta gesticulou de todas as maneiras possíveis - e, às vezes, impossíveis - em minha cabeça. Algumas vezes, eu apenas me debatia e dava gritos abafados contra meu travesseiro, tentando amainar a confusão que ela fazia na minha cabeça. Outras, eu desabafava para ninguém em especial, contando detalhadamente o quanto tudo mudou de um momento para o outro. E, raramente, eu simplesmente sorria, certa que daria um jeito nas coisas.  
Cheguei em um ponto que gritei "pára!". Quando uma piada se repete tantas vezes que, além de perder a graça, se torna um incomodo. Era assim que eu passei a me sentir diante dessa pergunta. E, no meio daquela tempestade no copo d'água, percebi que planejar detalhadamente a minha vida para os próximos - no mínimo - dez anos, não é uma boa escolha. Quando sonhamos, nunca pensamos, de fato, que aquilo um dia se tornará realidade. O sonho é tão distante que mal podemos planejar como tornar tanta coisa real, e quando nos damos conta, nossos trens estão saindo dos trilhos. Mas, por sorte, também aprendi a recolocá-los em outra direção. Mesmo que o destino tenha mudado, ainda é melhor que um acidente ferroviário.
Em geral, continuo a me lamentar, me contorcer e me perguntar o que estou fazendo com a minha vida. Em alguns dias, sei exatamente o que eu quero o que deixo de querer para mim mesma. Outras, mal sou capaz de lembrar meu próprio nome. Mas, sem delongas, quero ser feliz. Independentemente de estar vivendo exatamente aquilo que planejei, quero sempre ter certeza de estar cercada de bons amigos, boa música e estar fazendo aquilo que gosto. O que estou fazendo com a minha vida? Bem, ainda não tenho certeza. Procuro optar pela melhor opção, sempre. 
De certa forma, tenho certeza que me lamentar não foi, nem de longe, a melhor coisa que eu poderia decidir. Erguer o queixo e parar de culpar tudo e todos ao meu redor - e, consequentemente, perceber que tenho uma dosagem de culpa pelo rumo que as coisas tomam -, não é um trabalho simples. É um milhão de vezes mais tentador se encolher em um canto e passar o resto da vida aos prantos (isso sem citar o quanto é tentador por uma arma contra a própria têmpora e puxar o gatilho, mas isso é um assunto para outro texto...) do que admitir que a situação não é das melhores e tentar mudá-la.
Então paro, respiro, e penso em tudo que já planejei e deixei de planejar. Pelas coisas que chorei e hoje apenas me trazem um curto sorriso aos lábios. O que eu costumava achar genial, e, hoje em dia, soam como brincadeira de criança. Das coisas que eu amava, porém hoje são apenas um peso na consciência. A vida não é um esquema. Não é algo que você define e segue deliberadamente, sem tirar nem por. Até que, se fosse, não haveria graça alguma. Não haveria nada que nós não houvéssemos previsto antes. Não haveria uma só turbulência, um imprevisto, uma crise ou qualquer coisa (boa ou ruim) para quebrar nossas rotinas.
Afinal, mesmo não estando certa do que estou fazendo com a minha vida, espero não estar fazendo nenhum grande estrago. Seria um tanto trabalhoso ser obrigada a replanejá-la do começo.

OBS: Estou de volta. Se foi uma boa ou uma má ideia, ainda estou por descobrir.

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