25 de novembro de 2011

Estrategia Final


Eu não estou com medo. 
 Não estou. Embora eu devesse estar, embora eu me obrigasse a estar.
 Frio. Está tão frio.
E então o som impetuoso de uma risada. De principio, achei inadequado. Quem riria em uma situações daquelas? Logo, entendi a graça. A razão não era realmente óbvia. Era o simples fato que a vida era engraçada. Passamos bons anos nos importando com coisas insignificantes, sofrendo por motivo irrelevantes e chorando pelo tudo e pelo nada. Durante a vida, tudo soa como o fim dos tempos. Mas, agora, nada daquilo significou nada. Eu estava sozinha agora.
Sozinhos. Vamos todos acabar sozinhos.
Eles iriam sentir minha falta. E isso me alegrou. Pensei em quantas pessoas chorariam sob meu corpo adormecido. Em um sono que acordar estava fora de cogitação. Iriam se lamentar por mim. Uma pena eu não poder estar lá para ver. Uma pena, realmente. Tenho certeza que vendo tudo como estava, eu iria sorrir, satisfeita. Alguma coisa valeu a pena afinal.
Respiração. Não posso respirar.
E então, eu seria esquecida. Os poucos que se lamentariam por mim logo partiriam também. A minha carne apodreceria, meus ossos virariam pó. Nunca quis ser eterna. Nunca quis lutar. Queria apenas uma explicação, uma justificativa. Por que eu? Logo eu.
Morrer. Eu iria morrer.
E essas foram as últimas coisas que passaram na minha cabeça.

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